Precisamos falar sobre a vida acadêmica - Parte 2 🥵

O meu começo na vida acadêmica foi quase que destinado. Eu tinha essa ideia... de ser pesquisadora, antes mesmo de entrar na Graduação. Mesmo que eu não entendesse o que de fato significava ser pesquisadora, esse era meu sonho e nada iria me impedir.

Foi assim que com 17 anos eu saí do Mato Grosso do Sul, sozinha, e me mudei para São Paulo capital. Logo quando cheguei, eu não conseguia nem contratar internet em casa por ser menor de idade (kkk). 

Se eu conhecia ou tinha família em alguma parte do Sudeste? Ab.so.lu.tamente ninguém.

Na época, nem parecia tão difícil assim. O sonho de estudar Biologia na USP tinha se tornado real! As dificuldades eram amaciadas pelo meu próprio inconsciente, que estava, de certa forma, realizado.

É claro, esse foi só o começo da jornada. 

Por ali, tudo ainda eram flores.

E é claro, os espinhos logo começaram a aparecer quando entrei em um laboratório para estudar comportamento de formigas, ainda no 1º semestre do meu curso.

Estudar comportamento de formigas era o meu sonho? Não exatamente. Apesar disso, criei profundo respeito por esses seres incríveis e inteligentes que são as formigas.

São seres muito complexos, tão complexos que ainda precisamos estudá-las (e muito)... Me parecia, desde aquela época, que não considerar esses animais como complexos e impressionantes, era quase um crime.

Eu estudei uma mesma colônia, enquanto ficava desconfortavelmente sentada na grama embaixo de uma árvore, por mais de 1 ano. Eu pintava essas formigas (sim, fazia bolinhas coloridas) para conseguir diferenciá-las e reconhecê-las, a tal ponto que eu sabia quais eram mais medrosas e as mais corajosas.

E não era nada fácil. Trabalhar com seres vivos em seu ambiente natural é extremamente desafiador, principalmente quando se tem pouquíssima experiência. E especialmente quando seu orientador não está por perto.

Foi ali que comecei a ver o tecido por trás da glorificação acadêmica.